15 de mar. de 2012

Bullying no ensino

Professora palestrante da 4ª Jornada Pedagógica do SINPRO ABC, realizada em junho de 2010, explica o que é bullyin e como evitar os casos em sala de aula
frequente a consideração de que bullying é algo que apenas ocorre entre algumas crianças até elas crescerem e mudarem de comportamento. Falar sobre o ato bullying entre adultos ou no ensino superior parece ser comumente ignorado, com olhares de descrença de pessoas que deveriam ser conscientes do fato. Sabendo da importância de discutir o assunto em ambiente acadêmico, este artigo tem o objetivo de abordar de forma prática e acessível maneiras de amenizar a violência psicológica em sala de aula e tentar evitar a evasão do aluno pelo motivo agressão psicológica. Para tentar explicar o bullying, o estudo está baseado em pesquisas no âmbito educacional (ARRUDA 1998; FANTE, 2005 entre outros). O trabalho evidencia que obullying está presente em todas as relações interpessoais e em diversas culturas. Tratar o assunto com mais ênfase e oferecer condições para a discussão, reflexão e consequente abominação também são tarefas das instituições educacionais.
O que é bullying?
Bullying
O termo Bullying é de difícil definição, mas é consenso entre os pesquisadores de que se trata de um comportamento físico, verbal e psicológico, desempenhado por alguém que entende estar, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco.
 
 
Estudiosos do bullying, como Pereira (2002), Lopes (2002), Constantini (2003) e Fante (2003 ) classificam a vítima em três categorias:
Vítima típica:
é pouco sociável, sofre repetidamente as consequências dos comportamentos agressivos de outros, possui aspecto físico frágil, possui coordenação motora deficiente, extrema sensibilidade, timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa auto-estima, aspectos depressivos.
Vítima provocadora:
refere-se àquela que tem uma característica diferenciada como cabelo “pixaim”, ou ruivo, muito magro ou muito gordo, e que atrai e provoca reações agressivas contra as quais não consegue lidar. Tenta brigar ou responder quando é atacada ou insultada, mas não obtém bons resultados.
Vítima agressora:
reproduz os maus-tratos sofridos. Como forma de compensação, procura outra vítima mais frágil e comete contra esta todas as agressões sofridas na escola, ou em casa, transformando o bullying em um ciclo vicioso. 
Bullying
 
Nos Estados Unidos, pesquisadores estabeleceram passos fundamentais para orientar os pais na descoberta de bullying contra os filhos:
- Ter conversas frequentes com seu filho, perguntando sobre o que acontece na escola. Estabelecer um relacionamento que ajude a manter as linhas de comunicações abertas e um contexto de vivência no seu dia-a-dia;
- Receber com seriedade os bilhetes da escola do seu filho, com aviso de que ele(a) está sendo molestado/agredido(a) por outros alunos.
Como a maioria das vítimas fica em silêncio é necessário ficar atento a alguns sinais. De acordo com o Olweus (OLWEUS, 1978, apud FANTE, 2005, p. 74- 75), o professor deve observar se há a presença dos seguintes comportamentos:
- Durante o intervalo fica, frequentemente, isolado e separado do grupo, ou próximo do professor ou de algum adulto;
- Na sala de aula, tem dificuldades em falar diante dos demais, mostrando-se inseguro ou ansioso, além de perder constantemente os seus pertences.
O mesmo procedimento deve ser adotado quando for preciso identificar o agressor. Os comportamentos mais comuns são:
- Colocar apelidos ou chamar pelo nome ou sobrenome dos colegas de forma malsoante; insulta, menospreza, ridiculariza, difama;
- Tirar dos outros colegas materiais escolares, dinheiro, lanches e outros pertences, sem o seu consentimento.
Cabe ao professor, como sujeito transformador que acredita na possibilidade de mudança, começar a praticar sua função de agente da transformação.
Ações anti-bullying 
Não há receita pronta, no contexto sócio-educacional, para lidar com a problemática bullying. Existem projetos que possibilitam a construção do espírito de cidadania, respeitando as diferenças entre os alunos e professores.
Fante e a Abrapia (p. 89, 90) ao falar dos programas preventivos, citam três fatores essenciais, para que seja possível obter resultados positivos:
- Não existem soluções simples para a resolução do bullying; o fenômeno é complexo e variável;
- Cada escola deveria desenvolver suas próprias estratégias e estabelecer suas prioridades no combate do bullying;
- A única forma de obtenção de sucesso na redução do bullying é a cooperação de todos os envolvidos: alunos, professores, gestores e pais, levando em consideração os sentimentos negativos mobilizados e as sequelas emocionais, vivenciados pelas vítimas do bullying.
Para que se possa aplicar qualquer tipo de ação se faz necessário conhecer o público alvo e os problemas que a escola em questão apresenta. Com muito conhecimento e com um leque de opções de ações específicas e já testadas e funcionais, elaborar planos de ações de acordo com a faixa etária do aluno.
Considerações finais
 
Este artigo teve como objetivo apresentar as principais características do bullying, suas motivações e implicações, a fim de estabelecer um diálogo para fomentar a discussão do assunto, principalmente, no contexto educacional.
Fazendo um comparativo das ações anti-bullying no Brasil e as ações realizadas no exterior através da IBPA (International Bullying Prevention Association), o que surpreende é o fato de que, no exterior, com todas as ações que se igualam as já aplicadas no Brasil, o diferencial se dá na priorização da dedicação de parte do tempo, tanto dos pais como dos professores em falar sobre o problema. É uma dedicação diária, é algo que se constrói naturalmente, e que ainda está faltando no Brasil. As referências consultadas indicam que é necessário, nesse processo, resgatar a clareza de papéis das instituições: família, escola e o trabalho, já que o problema também se estende no ambiente de trabalho.
bullying não pode continuar sendo considerado uma fase da vida. Não é, também, violência, própria de idade escolar entre crianças e jovens, nem deve ser aceita pela sociedade como parte do processo natural de “amadurecimento”. É crime e como tal deve ser punido.
Para que isso ocorra é imprescindível a mudança de comportamento geral, começando pela escala hierárquica: família, instituição, coordenadores, professores e demais funcionários que compõem uma escola.
* Sandra Lopez é professora universitária na Faculdade Anchieta, escritora, pesquisadora do fenômeno bullying e sócia do SINPRO ABC
Referências bibliográficas
 ABRAPIA. Bullying. Disponível em: <http://www.bullying.com.br>. Acesso em:
Mai./2007.
ARRUDA, Angela; JODELET, Denise; JOVCHELOVITCH, Sandra. Representando a Alteridade. São Paulo, 1998.
CONSTANTINI, Alessandro. Bullying: como combatê-lo? Prevenir e enfrentar a violência entre os jovens. Trad. Eugenio Vinci de Morais. São Paulo: Itália Nova, 2004.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, As Leis na Constituição de 1988 em prol das vítimas de agressões.
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – CONANDA, … cumprimento do imperativo constitucional, Art. 227 e da Lei 8.069/91.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying – como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. Campinas, SP: Veros, 2005.
FREUD, Sigmund. O mal-estar na Civilização. Rio de Janeiro, 1997.
OLWEUS, D. Olweus’ core program against bullying and antisocial behavior: a teacher handbook. Bergen, Norway: Research Center for Health Promotion (The HEMIL Center), 2001.
PEREIRA. A desatenção de pais e educadores frente ao bullying, 2002.
www.mentalhealth.samhsa.gov. (CMHS-SVP-0052)
www.stopbullyingworld.org
  
Características típicas das vítimas de bullying

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